O quarentão.
É estranho, se não bizarro, ver uma das séries mais grandiosas se encerrando. Algumas semanas atrás comentei justamente da imprevisibilidade que seria o encerramento de KochiKame, dizendo que o mangá só terminaria quando o autor morresse, já que os editores nunca o cancelariam, contudo, o mangá não vai terminar com a morte do autor (ao menos espero), e nem vai ser cancelado. O encerramento de KochiKame, que pegou TODO MUNDO de surpresa, será por decisão do próprio autor. Era o momento de fechar uma das sagas mais importantes da história
A análise da TOC de hoje, por isso, não pode ser igual as demais. Se essa edição que estamos analisando é uma das mais única e especiais jamais vistas, por qual raios de motivo devo analisar a TOC como fosse qualquer uma? A análise de hoje será o meu texto de adeus a umas séries mais especiais da história, um mangá que marcou a vida de muitos leitores, diretamente com sua história divertida e emocionante, ou mesmo indiretamente, influenciando todo esse mercado de mangás que conhecemos. KochiKame não simplesmente uma obra que durou quarenta anos, é um fenômeno que alterou todo um mercado, e que conseguiu conquistar quatro (ou mais) diferentes gerações. Vamos ao TOC dessa edição inesquecível:
KochiKame - Kochira Katsushika-ku Kameari Kouen-mae Hashutsujo (Capa, Página Colorida de Abertura, FIM)
KochiKame (Capítulo 1 - Totalmente Colorido)
01 - One Piece
02 - Black Clover
03 - Boku no Hero Academia
04 - Hinomaru Zumou
05 - Haikyuu!!
06 - Yuragi-Sou no Yuuna-San
Red Sprite (Capítulo 04)
07 - Saiki Kusuo no Psi-nan
08 - World Trigger
Tokubetsu Kokka Koumuin Kaizousha Taisaku-ka Tanaka Seiji (Página Colorida, Golden Future Cup Entry #3)
09 - Shokugeki no Souma
Love Rush! (Capítulo 05)
10 - Gintama
Yakusoku Neverland (Capítulo 07)
11 - Kimetsu no Yaiba
12 - Samon-Kun wa Summoner
13 - Sesuji wo Pin! to
14 - Toriko
15 - Takuan to Batsu no Nichijou Enma-Chan
Isobe Isobee Monogatari
Prévia da Edição #43:
Capa e Página Colorida de Abertura: Gintama (Anúncio Importante)
Página Colorida: PSI Kusuo Saiki, Yuragi-Sou no Yuuna-San, Taketoritsuki Monogatari (Golden Future Cup Entry #4)
Em Setembro de 1976, na edição #42, estreou uma série intitulada de Kochira Katsushika-ku Kameari Kouen-mae Hashutsujo, também conhecida de "KochiKame". Por mais que a obra tenha sido muito bem recebida em seu primeiro capítulo, ninguém, eu digo ninguém, esperava que o mangá duraria por 40 anos na revista - Nem o público, nem editores, e nem mesmo o próprio autor - Era algo inimaginável, mas KochiKame conseguiu quebrar o mundo das imaginações, e fez o impossível conseguir se tornar real. O autor, Osamu Akimoto, que tinha apenas vinte e três anos, estava apenas começando a sua carreira como mangaká, e não tinha lançado nenhuma obra anteriormente, mas teve que deparar com a sua primeira comédia sendo elogiada e amada por muitos leitores. Uma sensação que deve ter trazido um misto de satisfação e responsabilidade ao autor, que conseguiu levar a série de maneira coerente por longos quarenta anos.
É interessante ver as três novas séries da revista na mesma perspectiva que KochiKame, será que algumas desses mangás tem chances de serem tão duradouros quantos? Bem, levando em conta a situação atual, temos uma possibilidade de nenhum desses passar do terceiro volume, imagine chegar aos 200, que é a incrível marca alcançada por KochiKame - Yakusoku Neverland teve um "pré-rank" péssimo, que pode estar confirmando que a série não foi muito bem votada pelo público. O mangá parece que não conseguiu conquistar o público mais jovem, além disso após o segundo capítulo, muitos leitores realmente ficaram decepcionados com a série não ter "deixado" o orfanato para trás. O público realmente quer saber como funciona o mundo, e quer saber isso imediatamente. As chances de Yakusoku Neverland serem um sucesso ainda não se tornaram zero, mas é necessário que o autor apresente mais sobre o universo. LOVE RUSH e Red Sprite também estão em uma situação delicada, e correm sério risco de não se tornarem um sucesso. Pode ser que acabemos vendo todas essas três séries fracassando.
Fracasso que de nenhum modo KochiKame alcançou, já que a série conseguiu se tornar uma das séries mais vendidas da história da revista, perdendo somente para dois mangás: Dragon Ball e ONE PIECE, que é o mangá mais vendido da história da Weekly Shonen Jump e esta semana ficou na primeira colocação - ONE PIECE também é um dos poucos mangás que tem capacidade de superar em volumes a série de KochiKame, mesmo que seja muito improvável que isso aconteça, já que o mangá deveria durar mais 20 anos, o que não condiz com o planejamento do autor. Talvez Osamu Akimoto também não planejava fazer a sua série durar tanto tempo, mas aos poucos, foi alongando a série, entretanto tem uma pequena diferença entre ONE PIECE e KochiKame. A série de Eiichiro Oda é um B-Shounen que segue una narrativa direta, a história obrigatoriamente deve andar para frente, já KochiKame é um mangá que segue uma narrativa casual, com cada capítulo tendo uma história diferente, o mangá não precisa andar para frente, pode se manter no mesmo estágio temporal por quanto o tempo o autor achar necessário. São dois mangás diferentes, e é justamente por isso, mesmo sendo dois gigantes, tiveram tratamentos tão diferentes na revista.
Quando eu digo que o tratamento de KochiKame foi diferente, é que a série nunca chegou a ser realmente um monstro em classificação como One Piece, no caso, uma série que independente da qualidade do capítulo e sua circunstãncia, era classificado em uma posição altíssima. Inclusive no início da sua carreira, que foi muito diferente de mangás que vemos atualmente. Por exemplo, Black Clover que ficou na segunda colocação está recebendo por parte dos editores uma publicidade enorme, justamente por estar preste a lançar o seu primeiro OVA, que será lançado na Jump FESTA deste ano (inclusive foi revelado a primeira imagem desse OVA, com um design um pouco questionável do protagonista, Asta). KochiKame não lançou nenhum material antes que o primeiro episódio do seu anime fosse exibido na FujiTV em 1996. O lançamento de um OVA prévio serve como um teste de recepção, assim os editores e produtores avaliam quanto o anime do mangá em questão pode repercutir no mercado. Como a Shueisha tem grandes esperanças por Black Clover, estão tentando vender a série a algum estúdio de qualquer modo, e acredito que em breve, após esse OVA, teremos um anúncio de uma adaptação televisiva da série. KochiKame, por ser uma comédia situacional e vem de um período que era complicado ganhar um anime, durou vinte anos para conseguir ver o seu mangá na TV. Os tempos mudaram...
E junto com essa mudança de tempos, as vendas de KochiKame caíram, aliás, despencaram. A série conseguiu imediatamente ter uma boa recepção dos leitores, mas as vendas dos seus volumes foram aumentando aos poucos, chegando a ter, nos seus primeiros 50 volumes, uma média surpreendente de 600 mil cópias por volume, mais surpreendente ainda se levarmos em conta que ainda não tinha sido lançado o anime da série, que só foi lançado em 1996, ano que a série também comemorou a marca de 100 volumes lançados. Em 1996 o mangá alcançou a marca de uma média de 1 milhão de cópias por volume, muito superior a marca de Boku no Hero Academia, que essa semana ficou em terceiro lugar - O atual pilar da revista tem uma média de 650 mil cópias por volume, já que teve ao todo 6.5 milhões de cópias impressas em 10 volumes, um resultado realmente muito bom, e que demonstra que a série é muito popular. Dificilmente Hero chegará aos volumes 50 com a mesma média de KochiKame, que no caso é 600 mil cópias, já o que aconteceu com KochiKame é algo muito raro, e que não vemos mais no mercado atual, mas ainda existe uma possibilidade que isso aconteça, contudo, diferente de KochiKame que conseguiu alcançar esse feito tendo como apoio somente o próprio mangá, para chegar a cinquenta volume com a média de 600 mil cópias, Boku no Hero Academia deverá torcer para que seu anime ainda dure por muito tempo, o que parece ser muito improvável. De qualquer, por enquanto a sua média de vendas está fantástica.
Não podemos dizer o mesmo para Hinomaru Zumou que deve ter uma média de 50 mil cópias por volume. Algumas pessoas podem argumentar que KochiKame recebeu o seu anime após vinte anos do seu lançamento, porém, como vimos no parágrafo acima, a série de comédia de Osamu Akimoto vendia muito, mas muito mais do que Hinomaru Zumou vende atual - KochiKame tinha vendas e popularidade para ser um dos pilares da revista da Shounen Jump, por isso, o lançamento do seu anime era uma certeza absoluta de sucesso. Diferente da série de sumô que vende muito pouco e tem uma popularidade questionável. Ainda é cedo para dizer que Hinomaru Zumou simplesmente não receberá um anime, mas a situação de KochiKame e Zumou, de modo algum, pode ser comparável. Já que um mangá era já um sucesso absoluto quando lançou o seu décimo volume, o outro está sendo mantido na revista somente por causa da situação complicada que a Weekly Shonen Jump, e não por causa de vendas realmente convincentes. Logicamente, caso Hinomaru Zumou lance um anime de sucesso, a situação pode acabar mudando, e Zumou se torne um dos principais mangás da revista, porém, por enquanto, é somente uma obra, que mesmo tendo uma ótima qualidade, ainda não demonstrou em termos capitais, o motivo para ainda estar na revista.
Como eu disse, KochiKame desde a sua estréia, demonstrou motivos para estar na revista, e após o lançamento do seu anime em 1996 a sua popularidade aumentou ainda mais, inclusive foram produzidos dois filmes, que também foram um grande sucesso de bilheteria (diferente de Toriko que praticamente enterrou o seu anime, após a sua longa ser lançadas no cinema) - Sendo o primeiro um sucesso bem maior que o segundo - Quem poderia também lançar um filme, que provavelmente conseguiria ser um sucesso de bilheteria, seria justamente o quinto colocado na TOC, Haikyuu!!. A série de vôlei vem demonstrando que consegue manter suas vendas bem altas, por isso, tem um público comprante muito fiel. Só tem um pequeno problema, KochiKame foi produzido por um estúdio que já era acostumado a lançar desenhos na televisão, e depois adapta-los para o mercado cinematográfico, por isso, lançar dois filmes de KochiKame não foi um grande público, inclusive lançaram o primeiro somente três anos após da estréia do anime. Já quem tem o direito televisivo de Haikyuu!! é um estúdio que não é acostumado a lançar obras nas grandes telonas, por isso será muito mais complicado vermos o mangá de vôlei no cinema. Entretanto, seria muito interessante ver uma partida especial e bem dramática sentando em uma boa cadeira de cinema. Lembrando que na verdade alguns episódios do anime de Haikyuu!! foram transmitidos no cinema também, mas em nenhum momento foi transmitido algum material original. Em sexto lugar tivemos Yuragi-Sou no Yuuna-San que receberá página colorida na próxima semana.
Talvez é ainda mais fantástico KochiKame ter lançado dois filmes por causa do seu estilo, como já comentei nos parágrafo anteriores, a série é uma comédia situacional, no qual cada capítulos tem sua própria história. Pode acontecer de vermos algumas pequenas sagas, de dois a dez capítulos, ou mesmo vermos alguns acontecimentos que mudam todo o andamento da história, mas a grande maioria dos capítulos não influenciam em nada no universo da série. Podemos dizer que o mundo no qual KochiKame é ambientado, é extremamente estático. O público gosta muito dessas comédias, pois são ótimas para se divertir e relaxar, contudo por mais que gostem bastante, não se sentem muito confortáveis em gastar dinheiro para adquirir os materiais produzidos por elas, preferem consumir em histórias com uma narrativa mais linear. É justamente por isso que fantástico o feito alcançado pela série, e seria ainda mais fantástico se conseguisse ser alcançando também por Saiki Kusuo Psi-nan. Infelizmente o anime de PSI não conseguiu vingar, por isso dificilmente a série terá um grande aumento de vendas ou mesmo uma segunda temporada. A verdade é que PSI não se tornará um novo KochiKame, mesmo sendo o mangá da revista mais próximo em estilo. Atualmente só podemos esperar que PSI consiga manter suas vendas estáveis ao longo dos anos, porque se tiver uma grande queda, pode acabar sendo cancelado em pouquíssimo tempo. Em oitavo lugar tivemos World Trigger, que continua muito estável na revista.
Talvez o que realmente pode diferenciar PSI e KochiKame é a arte - Sim, os dois mangás são comédias situacionais, mas os traços de KochiKame, mesmo sendo tipicamente dos anos 70, tem ocasionalmente páginas de detalhismo muito maior, essas páginas ocasionais tem um cuidado e detalhismo surpreendente, que pode lembrar Shokugeki no Souma, que essa semana ficou na nona colocação, Podemos dizer que a arte de KochiKame e a de Shokugeki no Souma são totalmente opostas, enquanto o mangá de culinária tem um estilo bem mais moderno, que lembra os animes lançados atualmente, por isso, os personagens são mais diversificados visualmente (chegando a ter características irreais), os olhos são mais brilhantes, personagens masculinos que tem rostos mais limpos e "perfeitos" e por fim, o próprio traço é bem mais digitalizado,,. KochiKame adota um traço bem mais setentista ou oitentista, por isso com expressões que lembram bastante os quadrinhos americanos (os mangás dos anos 70, tinham uma inspiração enorme nas obras americanas), personagens masculinos que tinham traços faciais mais grossos e corpos mais brutos, e uma arte que podemos considerar mais manual, com menos uso da tábua (por motivos óbvios). Depois tem as diferenças na própria organização dos quadros, por ser uma comédia, KochiKame tende a utilizar quadros menores, que tendem a ter um traço extremamente simplificado, mas é quando o autor decidir desenhar quadros maiores e mais complexos, que vemos o potencial da sua arte: os carros mesmo, são uma das especialidades de Osamu. Shokugeki no Souma e KochiKame tem artes, narrativas, estilos e enquadraturas, totalmente diferentes, mas tem um ponto incomum, ambos desenhistas sabem entregar páginas belíssimos.
Contudo, mesmo tendo um público que comprava vários dos seus volumes, um anime de grandíssimo sucesso, dois filmes que foram um sucesso de bilheteria, KochiKame falhou em um ponto que outros mangás conseguiram vingar: o sucesso mundial - Gintama, o décimo colocado dessa semana, por exemplo conseguiu, mesmo sendo um mangá de comédia, dominar todo o mundo. Aliás, aproveitando que estamos comentando sobre o mangá, na próxima semana a obra receberá um anúncio muito importante, que será maior que o live-action já anunciado, por isso as possibilidades de ser o retorno do seu anime, são altíssimas. Gintama é uma das séries de TV mais lucrativas da TV Tokyo (uma das maiores concorrentes da TVFuji, antiga emissora de KochiKame), por isso, continuar produzindo a sua série de anime, é uma escolha sábia - De qualquer modo, não conseguir atingir um patamar global, não foi um grande problema para KochiKame, o problema começou quando o seu anime estava perdendo a popularidade e a série não conseguia mais conquistar os seus leitores como antigamente: Osamu Akimoto conseguiu fazer o público dos anos setenta, oitenta e noventa se apaixonar pelo mangá, mas não conseguiu fazer com que o público dos anos 2000 e 2010 se apaixonassem com a mesma intensidade que os anteriores, deste modo, aos pouco a série foi perdendo popularidade: O seu anime cancelado (após ter mais de 300 episódios), e suas vendas foram lentamente caindo, até chegar a atualidade que vende cerca 100 mil cópias por volume, mesmo que continua sendo mais que muitas séries da revista, como por exemplo, Kimetsu no Yaiba que ficou na décima primeira colocação.
Também vende mais que séries como Samon-Kun wa Summoner e Sesuji wo Pin! to, dois mangás que vendem abaixo da marca de 50 mil cópias por volume, um número realmente muito baixo - Mesmo que essas duas obras tenham mais chances que Zumou de se tornarem um sucesso com uma possível adaptação em anime, essa possibilidade ainda é muito baixa e talvez não faça valer a pena os editores manterem os dois mangás. Samon-Kun wa Summoner tem como vantagem o fator que é uma comédia simples, por isso é mais importante ter uma boa recepção dentro da revista, que realmente vender muito - Vamos ser sinceros, não é que comédias não conseguem vender muito, vemos casos como PSI que conseguiu alcançar a marca de 150 mil cópias por volume, e KochiKame que no seu auge superou 1 milhão, contudo, mesmo algumas comédias sendo sucessos comerciais, para sobreviver em qualquer revista, uma comédia não precisa de nenhum modo vender muito, o importante é ser bem recebido na revista (por isso tem uma boa recepção do público), como acontece com Isobe Isobee Isobee a quase três anos, que inclusive atualmente vende menos que Samon-Kun wa Summoner. Esperar que novas comédias tenham o sucesso de KochiKame, que é um monstro que mudou a história dos mangás, é pedir demais. É possível que nasça uma comédia com o mesmo efeito? Olha, Ansatsu Kyoushitsu chegou perto, se ao longo da sua narrativa se mantivesse na comédia e o mangá durasse muito mais tempo, poderíamos dizer que alcançou um sucesso comparável a KochiKame.
Os últimos anos de KochiKame, mesmo sem que eu comentasse, foi muito mais abaixo do sucesso que a série tinha a alguns anos atrás, contudo, mesmo vendendo pouco, podemos dizer que a série mantinha a sua glória - Todos os leitores respeitavam KochiKame, mesmo não o lendo mais -. Se olharmos a situação do décimo quarto lugar da TOC, Toriko, que após o encerramento do seu anime, teve uma queda gigantesca em vendas, e em menos de 3 anos, chegou a um nível de cancelamento. KochiKame durou cerca de 10 anos após o encerramento do seu para conseguir "chegar" ao nível de vendas de baixo, e mesmo assim as suas vendas para um mangá de comédia continuavam boas. Por isso, os editores nunca cogitaram cancelar KochiKame, diferente de Takuan to Batsu no Nichijou Enma-Chan que ficou na última colocação e deve ser cancelado em breve. Kochira ou KochiKame, não é um mangá qualquer, é uma obra que revolucionou o universo dos mangás e ajudou muito a Shonen Jump a ser a revista que é hoje. É um mangá que mostra como um autor, quando ama o que faz, pode passar anos e anos produzindo aquela mesma série, e gostando de fazer isso. Aliás, o amor a profissão de Osamu Akimoto é tão grande, que mesmo depois de 40 anos escrevendo um mangá, está disposto a continuar produzindo novas histórias, e já declarou que se está preparando para lançar uma nova série. KochiKame não alcançou 200 volumes, mais de 1970 capítulos, quarenta anos de história, por nada, por piedade dos editores, chegou a essa marca por mérito próprio e merece todos os aplauso do mundo. A partir de segunda-feira, quando essa edição for lançada, estaremos realmente encerrando uma era na Shonen Jump, pois após 40 anos, teremos uma edição que sem, o inesquecível e insuperável, Kochira Katsushika-ku Kameari Kouen-mae Hashutsujo.
Não podemos dizer o mesmo para Hinomaru Zumou que deve ter uma média de 50 mil cópias por volume. Algumas pessoas podem argumentar que KochiKame recebeu o seu anime após vinte anos do seu lançamento, porém, como vimos no parágrafo acima, a série de comédia de Osamu Akimoto vendia muito, mas muito mais do que Hinomaru Zumou vende atual - KochiKame tinha vendas e popularidade para ser um dos pilares da revista da Shounen Jump, por isso, o lançamento do seu anime era uma certeza absoluta de sucesso. Diferente da série de sumô que vende muito pouco e tem uma popularidade questionável. Ainda é cedo para dizer que Hinomaru Zumou simplesmente não receberá um anime, mas a situação de KochiKame e Zumou, de modo algum, pode ser comparável. Já que um mangá era já um sucesso absoluto quando lançou o seu décimo volume, o outro está sendo mantido na revista somente por causa da situação complicada que a Weekly Shonen Jump, e não por causa de vendas realmente convincentes. Logicamente, caso Hinomaru Zumou lance um anime de sucesso, a situação pode acabar mudando, e Zumou se torne um dos principais mangás da revista, porém, por enquanto, é somente uma obra, que mesmo tendo uma ótima qualidade, ainda não demonstrou em termos capitais, o motivo para ainda estar na revista.
Como eu disse, KochiKame desde a sua estréia, demonstrou motivos para estar na revista, e após o lançamento do seu anime em 1996 a sua popularidade aumentou ainda mais, inclusive foram produzidos dois filmes, que também foram um grande sucesso de bilheteria (diferente de Toriko que praticamente enterrou o seu anime, após a sua longa ser lançadas no cinema) - Sendo o primeiro um sucesso bem maior que o segundo - Quem poderia também lançar um filme, que provavelmente conseguiria ser um sucesso de bilheteria, seria justamente o quinto colocado na TOC, Haikyuu!!. A série de vôlei vem demonstrando que consegue manter suas vendas bem altas, por isso, tem um público comprante muito fiel. Só tem um pequeno problema, KochiKame foi produzido por um estúdio que já era acostumado a lançar desenhos na televisão, e depois adapta-los para o mercado cinematográfico, por isso, lançar dois filmes de KochiKame não foi um grande público, inclusive lançaram o primeiro somente três anos após da estréia do anime. Já quem tem o direito televisivo de Haikyuu!! é um estúdio que não é acostumado a lançar obras nas grandes telonas, por isso será muito mais complicado vermos o mangá de vôlei no cinema. Entretanto, seria muito interessante ver uma partida especial e bem dramática sentando em uma boa cadeira de cinema. Lembrando que na verdade alguns episódios do anime de Haikyuu!! foram transmitidos no cinema também, mas em nenhum momento foi transmitido algum material original. Em sexto lugar tivemos Yuragi-Sou no Yuuna-San que receberá página colorida na próxima semana.
Talvez é ainda mais fantástico KochiKame ter lançado dois filmes por causa do seu estilo, como já comentei nos parágrafo anteriores, a série é uma comédia situacional, no qual cada capítulos tem sua própria história. Pode acontecer de vermos algumas pequenas sagas, de dois a dez capítulos, ou mesmo vermos alguns acontecimentos que mudam todo o andamento da história, mas a grande maioria dos capítulos não influenciam em nada no universo da série. Podemos dizer que o mundo no qual KochiKame é ambientado, é extremamente estático. O público gosta muito dessas comédias, pois são ótimas para se divertir e relaxar, contudo por mais que gostem bastante, não se sentem muito confortáveis em gastar dinheiro para adquirir os materiais produzidos por elas, preferem consumir em histórias com uma narrativa mais linear. É justamente por isso que fantástico o feito alcançado pela série, e seria ainda mais fantástico se conseguisse ser alcançando também por Saiki Kusuo Psi-nan. Infelizmente o anime de PSI não conseguiu vingar, por isso dificilmente a série terá um grande aumento de vendas ou mesmo uma segunda temporada. A verdade é que PSI não se tornará um novo KochiKame, mesmo sendo o mangá da revista mais próximo em estilo. Atualmente só podemos esperar que PSI consiga manter suas vendas estáveis ao longo dos anos, porque se tiver uma grande queda, pode acabar sendo cancelado em pouquíssimo tempo. Em oitavo lugar tivemos World Trigger, que continua muito estável na revista.
Talvez o que realmente pode diferenciar PSI e KochiKame é a arte - Sim, os dois mangás são comédias situacionais, mas os traços de KochiKame, mesmo sendo tipicamente dos anos 70, tem ocasionalmente páginas de detalhismo muito maior, essas páginas ocasionais tem um cuidado e detalhismo surpreendente, que pode lembrar Shokugeki no Souma, que essa semana ficou na nona colocação, Podemos dizer que a arte de KochiKame e a de Shokugeki no Souma são totalmente opostas, enquanto o mangá de culinária tem um estilo bem mais moderno, que lembra os animes lançados atualmente, por isso, os personagens são mais diversificados visualmente (chegando a ter características irreais), os olhos são mais brilhantes, personagens masculinos que tem rostos mais limpos e "perfeitos" e por fim, o próprio traço é bem mais digitalizado,,. KochiKame adota um traço bem mais setentista ou oitentista, por isso com expressões que lembram bastante os quadrinhos americanos (os mangás dos anos 70, tinham uma inspiração enorme nas obras americanas), personagens masculinos que tinham traços faciais mais grossos e corpos mais brutos, e uma arte que podemos considerar mais manual, com menos uso da tábua (por motivos óbvios). Depois tem as diferenças na própria organização dos quadros, por ser uma comédia, KochiKame tende a utilizar quadros menores, que tendem a ter um traço extremamente simplificado, mas é quando o autor decidir desenhar quadros maiores e mais complexos, que vemos o potencial da sua arte: os carros mesmo, são uma das especialidades de Osamu. Shokugeki no Souma e KochiKame tem artes, narrativas, estilos e enquadraturas, totalmente diferentes, mas tem um ponto incomum, ambos desenhistas sabem entregar páginas belíssimos.
Contudo, mesmo tendo um público que comprava vários dos seus volumes, um anime de grandíssimo sucesso, dois filmes que foram um sucesso de bilheteria, KochiKame falhou em um ponto que outros mangás conseguiram vingar: o sucesso mundial - Gintama, o décimo colocado dessa semana, por exemplo conseguiu, mesmo sendo um mangá de comédia, dominar todo o mundo. Aliás, aproveitando que estamos comentando sobre o mangá, na próxima semana a obra receberá um anúncio muito importante, que será maior que o live-action já anunciado, por isso as possibilidades de ser o retorno do seu anime, são altíssimas. Gintama é uma das séries de TV mais lucrativas da TV Tokyo (uma das maiores concorrentes da TVFuji, antiga emissora de KochiKame), por isso, continuar produzindo a sua série de anime, é uma escolha sábia - De qualquer modo, não conseguir atingir um patamar global, não foi um grande problema para KochiKame, o problema começou quando o seu anime estava perdendo a popularidade e a série não conseguia mais conquistar os seus leitores como antigamente: Osamu Akimoto conseguiu fazer o público dos anos setenta, oitenta e noventa se apaixonar pelo mangá, mas não conseguiu fazer com que o público dos anos 2000 e 2010 se apaixonassem com a mesma intensidade que os anteriores, deste modo, aos pouco a série foi perdendo popularidade: O seu anime cancelado (após ter mais de 300 episódios), e suas vendas foram lentamente caindo, até chegar a atualidade que vende cerca 100 mil cópias por volume, mesmo que continua sendo mais que muitas séries da revista, como por exemplo, Kimetsu no Yaiba que ficou na décima primeira colocação.
Também vende mais que séries como Samon-Kun wa Summoner e Sesuji wo Pin! to, dois mangás que vendem abaixo da marca de 50 mil cópias por volume, um número realmente muito baixo - Mesmo que essas duas obras tenham mais chances que Zumou de se tornarem um sucesso com uma possível adaptação em anime, essa possibilidade ainda é muito baixa e talvez não faça valer a pena os editores manterem os dois mangás. Samon-Kun wa Summoner tem como vantagem o fator que é uma comédia simples, por isso é mais importante ter uma boa recepção dentro da revista, que realmente vender muito - Vamos ser sinceros, não é que comédias não conseguem vender muito, vemos casos como PSI que conseguiu alcançar a marca de 150 mil cópias por volume, e KochiKame que no seu auge superou 1 milhão, contudo, mesmo algumas comédias sendo sucessos comerciais, para sobreviver em qualquer revista, uma comédia não precisa de nenhum modo vender muito, o importante é ser bem recebido na revista (por isso tem uma boa recepção do público), como acontece com Isobe Isobee Isobee a quase três anos, que inclusive atualmente vende menos que Samon-Kun wa Summoner. Esperar que novas comédias tenham o sucesso de KochiKame, que é um monstro que mudou a história dos mangás, é pedir demais. É possível que nasça uma comédia com o mesmo efeito? Olha, Ansatsu Kyoushitsu chegou perto, se ao longo da sua narrativa se mantivesse na comédia e o mangá durasse muito mais tempo, poderíamos dizer que alcançou um sucesso comparável a KochiKame.
Os últimos anos de KochiKame, mesmo sem que eu comentasse, foi muito mais abaixo do sucesso que a série tinha a alguns anos atrás, contudo, mesmo vendendo pouco, podemos dizer que a série mantinha a sua glória - Todos os leitores respeitavam KochiKame, mesmo não o lendo mais -. Se olharmos a situação do décimo quarto lugar da TOC, Toriko, que após o encerramento do seu anime, teve uma queda gigantesca em vendas, e em menos de 3 anos, chegou a um nível de cancelamento. KochiKame durou cerca de 10 anos após o encerramento do seu para conseguir "chegar" ao nível de vendas de baixo, e mesmo assim as suas vendas para um mangá de comédia continuavam boas. Por isso, os editores nunca cogitaram cancelar KochiKame, diferente de Takuan to Batsu no Nichijou Enma-Chan que ficou na última colocação e deve ser cancelado em breve. Kochira ou KochiKame, não é um mangá qualquer, é uma obra que revolucionou o universo dos mangás e ajudou muito a Shonen Jump a ser a revista que é hoje. É um mangá que mostra como um autor, quando ama o que faz, pode passar anos e anos produzindo aquela mesma série, e gostando de fazer isso. Aliás, o amor a profissão de Osamu Akimoto é tão grande, que mesmo depois de 40 anos escrevendo um mangá, está disposto a continuar produzindo novas histórias, e já declarou que se está preparando para lançar uma nova série. KochiKame não alcançou 200 volumes, mais de 1970 capítulos, quarenta anos de história, por nada, por piedade dos editores, chegou a essa marca por mérito próprio e merece todos os aplauso do mundo. A partir de segunda-feira, quando essa edição for lançada, estaremos realmente encerrando uma era na Shonen Jump, pois após 40 anos, teremos uma edição que sem, o inesquecível e insuperável, Kochira Katsushika-ku Kameari Kouen-mae Hashutsujo.
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