Problemas Estruturais
Acredito que um dos motivos que mais estimula as pessoas a continuarem a acompanhar a WSJ e sua TOC, é justamente ver o lançamento de novas séries interessantes. Ver o anúncio de uma série, se apaixonar por ela desde a prévia, ler o primeiro capítulo (e gostar muito) e por fim ver essa série se tornando um grande sucesso dá uma grandíssima sodisfação. Por exemplo, quem acompanhou o lançamento de Boku no Hero Academia desde o seu anúncio, sabe como foi legal ver a série dando certo mesmo tendo todos os elementos pré-serialização dizendo que seria o terceiro e último fracasso do autor.
O problema é quando tu acaba gostando da série, e por algum motivo, os japoneses não compartilham sua opinião, e a série acaba sendo cancelada. Principalmente quando tu já torcia pela série antes mesmo dela ser serializada (no caso, tu se "apaixonou" pelo One-Shot que deu origem a série). Temos vários exemplos desses casos, um dos mais famosos é Hungry Joker, primeira série do autor de Black Clover. Golem Hearts é um dos exemplos de séries que já carregam um "hype" pré-lançamento - se acabará sendo um fracasso como Hungry Joker, são outros 500 -. Nessa análise irei ver os principais pontos positivos e negativos do primeiro capítulo da série, e de certo modo tentar prever quais são as chances da série sobreviver.
Golem Hearts foi a terceira e última série da leva de Outubro de 2017. Os seus companheiros foram: Tomatoypoo no Lycopene, uma comédia curta e Full Drive, um mangá de ping pong. Esses dois mangás irei analisar juntos na próxima semana. Como podemos ver pelo estilo dos dois companheiros de leva, os editores adotaram uma leva com mangás com gêneros totalmente diferentes, isso ajuda a evitar uma disputa interna de votos entre os novatos. Como por exemplo aconteceu com Kuroko no Basket, que estreou na mesma leva que um outro mangá de basquete (este outro acabou sendo cancelado, mesmo sendo um bom mangá). Ou como aconteceu mais recentemente com Kagamigami, Black Clover, Roggy e UBS, quatro mangás B-Shounen que estrearam na mesma leva e praticamente tiveram que se digladiar para sobreviver. Acabamos perdendo três ótimas séries, e somente uma sobreviveu, Black Clover.
Contudo, entretanto, porém, mesmo não tendo uma altíssima concorrência, já que não temos nenhum outro B-Shounen estreando, Golem Hearts deve entregar vários elementos positivos, mas principalmente deve conquistar o público para conseguir dar certo. Gen Osuka, autor da série, nunca havia lançado uma série na revista, por isso Golem Hearts é seu primeiro mangá. Isso comporta no natural e esperado "errores de autores novatos", que é tentar convencer de qualquer modo o público que sua série é emocionante, divertida e muito interessante, ignorando vários aspectos narrativos importantes para a construção de uma trama convincente, deste modo partindo imediatamente para cenas de impacto ou cenas dramáticas, que justamente por não terem sido bem construídas, muitas vezes não funcionam. Os três primeiros capítulos de Golem Hearts, nesse sentido sofre desses defeitos, mas também tem algumas qualidades que podem realçar a série.
O autor começa muito bem a série, após uma bela página colorida que apresenta os personagens que estarão presentes nos três primeiros capítulos, dá uma rápida introdução ao universo da série. Obviamente essa estratégia é utilizada em todas séries novatas, até mesmo Tomatoypoo utilizou, mas é utilizada por um motivo muito, mas muito simples: é uma estratégia extremamente funcional. O leitor começa a ler a série sem saber bulhufas sobre o que está lendo, e ele precisa ser introduzido a esse mundo, para poder mergulhar nele. Deste modo, descobrimos que estamos lendo um mangá sobre um mundo no qual os Golems (que são praticamente robôs criados com magia) ajudam os seres humanos no dia a dia. Por causa da importância dos Golems, os cientistas desse mundo são importantíssimo e considerados celebridades... menos o cientista "semi-protagonista" que na verdade é uma tragédia e não consegue controlar muito bem sua magia.
Porém, mesmo assim ele conseguiu criar o protagonista da série, o golem humano Noah - O personagem principal da história é o típico garoto clichê de história B-Shounen - Engraçado, atrapalhado, fiel aos seus amigos, inocente, odiado por todos que o circunda, mas com um grande coração e potencial. Isso não é um defeito, mesmo eu já estando cansado de personagens do gênero, não consigo considerar um ponto negativo, pois se tornou praticamente um ponto "base" das obras B-Shounen. Reclamar da personalidade clichê do protagonista, é reclamar de uma comédia romântica no qual os dois protagonista se separam, para que, no climax da série voltarem juntos e viverem felizes para sempre. Logicamente, quando um autor se dispõe a fugir desse clichê e consegue fazer isto de maneira interessante, temos que considerar como um ponto positivo (muito positivo, hehe), como o filme "500 dias com ela" que por mais que seja uma comédia romantica, entregou um encerrament fora do clichê, por isso surpreendeu e se tornou um ponto positivo para a obra. Porém escolher se manter nesse clichê não é um fator negativo, é está no comum, um fator neutro.
Se torna negativo, quando o autor não consegue combinar essa personalidade clichê com um roteiro interessante, bem desenvolvido e único, e talvez esse seja o principal problema de Golem Hearts nos três primeiros capítulos: são vários personagens clichês em um universo mal desenvolvido, pelo motivos já explicado no quarto paragrafo. Usamos por exemplo Black Clover, que realmente tem um primeiro capítulo clichê, mas principalmente um protagonista que não traz nada de novo. O que realmente eu vi como positivo na série assim que li o primeiro capítulo? O seu universo e arte, esses dois elementos me atraíram tanto que me estimularam a continuar a série, mesmo vendo tantos elementos clichês que irritaram. Black Clover era uma série com problemas, mas com muito potencial. Golem Hearts até tem potencial, mas não consegue demonstrar isto nos três primeiros capítulos.
Este dois problemas reunidos comporta em um suicídio não-consciente por parte do autor. Acreditando que seus personagens são carismáticos e que a história está sendo muito bem desenvolvidas, o autor aposta na estratégia do "protagonista que é odiado por todos", e acaba, através a sua bondade, comprovando que merece ser amado. Estratégia que por exemplo, Kishimoto utilizou em TODA, mas realmente TODA a série de Naruto, foi um desenvolvimento que começou do primeiro capítulo e só foi ser encerrado quando Naruto se tornou Hokage. O autor de Golem Hearts utilizou o mesmo arco narrativo em 50 páginas - o que poderia até mesmo funcionar, se a série não tivesse os dois defeitos que já citei anteriormente -. O que acontece, como eu disse é um suicídio não-consciente. O autor aposta em cenas extremamente dramáticas, que acabam soando bregas, ao invés de emocionante, pois o público simplesmente não tem simpatia o suficiente pelos personagens. Eu não me importei nem um pouco que Noah e seu criador conseguiu provar que são boas pessoas a população, e acredito que a grande maioria dos leitores realmente não se importaram.
O segundo capítulo da série intensifica esse problema, pois praticamente o autor dobra a intensidade do drama, desnecessariamente. Faz com que Noah seja capturado por um membro do governo, fazendo que a integridade do seu criador seja colocado a prova (com a cena de o criador, caso entregue Noah, vai poder trabalhar para o governo militarista). O motivo pelo qual o autor criou toda essa cena era para demonstrar que o criador realmente amava seu "filho", que nunca vai trabalhar para um governo militar que suprime sua população, mesmo que isso resulte em sua morte. Por isso, mostrar como o personagem é integro e fiel as suas ideologias. Uma estratégia interessante, SE simplesmente o público se importasse realmente com o personagem. O resultado acaba sendo um drama que ao invés de soar emocionante, acaba entediando o leitor.
Logo após o personagem acaba sendo quase morto pelo militar que sequestrou Noah, acendendo as chamas internas do protagonista e liberando o seu lado mais agressivo. Outro elemento normal de um B-Shounen, que porém, por não ser bem desenvolvido e nem ter um apelo visual bonito, acaba não chocando ninguém (o apelo visual nessas cenas são de extrema importância). Talvez um terceiro grande problema da série é a ausência de uma arte realmente surpreendente. O autor entrega cenas de ação que não conseguem te deslumbrar. Por mais que não sejam mal desenhadas, são bem contidas, e com um roteiro que não ajude a deixa-las mais emocionante, se tornam morna, como o mangá como um todo. Os cenários que compõe cada quadro não acabam surpreendendo, o uso de cores é "ok" e o traço dos personagens também não são nada demais.
Para encerrar com a cereja estragada no topo do bolo, o autor não teve a coragem de matar o cientista (talvez tenha planos sensatos para o personagem, por isso seja válida sua sobrevivência), o que acabou diminuindo muito o drama do segundo capítulo, mas pelo menos serviu para que a série possa pegar um novo rumo. Para mim, por exemplo se matasse o cientista e logo após aparecesse a nova personagem explicando quem ela é, e como em homenagem e respeito ao seu amigo, iria ajudar Noah (mesmo ela não querendo fazer isto, deste modo mantendo sua "personalidade" de durona), seria muito mais interessante, e evitaria o drama de "estou preste a me separar do meu pai", que foi desnecessário e muito entediante (por motivos já explicados anteriormente). Contudo, mesmo com essa mudança, a série continuaria extremamente dramática e com vários problemas já citados anteriormente. Talvez mesmo com a morte, o capítulo continuaria soando desnecessariamente dramática (talvez até mais).
Golem Hearts tem um grandíssimo problema estrutural, que não pode ser resolvido mudando algumas cenas. Em muitas outras análises digo como eu acreditaria que "X" cena poderia ser melhorada, realçando a qualidade de um mangá, com Golem Hearts o problema é tão profundo que deveriam ser mudadas tantas coisas, uma simples alteração de duas ou três cenas, não seria o suficiente. Pelo menos o terceiro capítulo prometeu uma mudança completa na narrativa da série, adicionando uma nova personagem e um novo rumo ao protagonista. Para uma série tão morna e com tantos problemas, essa revolução já no terceiro capítulo, é um "fio" de esperança para aqueles que ainda esperam que o mangá se torne um sucesso, algo, que para mim, com a qualidade atual apresentada nos três primeiros capítulos, é quase impossível.
Este dois problemas reunidos comporta em um suicídio não-consciente por parte do autor. Acreditando que seus personagens são carismáticos e que a história está sendo muito bem desenvolvidas, o autor aposta na estratégia do "protagonista que é odiado por todos", e acaba, através a sua bondade, comprovando que merece ser amado. Estratégia que por exemplo, Kishimoto utilizou em TODA, mas realmente TODA a série de Naruto, foi um desenvolvimento que começou do primeiro capítulo e só foi ser encerrado quando Naruto se tornou Hokage. O autor de Golem Hearts utilizou o mesmo arco narrativo em 50 páginas - o que poderia até mesmo funcionar, se a série não tivesse os dois defeitos que já citei anteriormente -. O que acontece, como eu disse é um suicídio não-consciente. O autor aposta em cenas extremamente dramáticas, que acabam soando bregas, ao invés de emocionante, pois o público simplesmente não tem simpatia o suficiente pelos personagens. Eu não me importei nem um pouco que Noah e seu criador conseguiu provar que são boas pessoas a população, e acredito que a grande maioria dos leitores realmente não se importaram.
O segundo capítulo da série intensifica esse problema, pois praticamente o autor dobra a intensidade do drama, desnecessariamente. Faz com que Noah seja capturado por um membro do governo, fazendo que a integridade do seu criador seja colocado a prova (com a cena de o criador, caso entregue Noah, vai poder trabalhar para o governo militarista). O motivo pelo qual o autor criou toda essa cena era para demonstrar que o criador realmente amava seu "filho", que nunca vai trabalhar para um governo militar que suprime sua população, mesmo que isso resulte em sua morte. Por isso, mostrar como o personagem é integro e fiel as suas ideologias. Uma estratégia interessante, SE simplesmente o público se importasse realmente com o personagem. O resultado acaba sendo um drama que ao invés de soar emocionante, acaba entediando o leitor.
Logo após o personagem acaba sendo quase morto pelo militar que sequestrou Noah, acendendo as chamas internas do protagonista e liberando o seu lado mais agressivo. Outro elemento normal de um B-Shounen, que porém, por não ser bem desenvolvido e nem ter um apelo visual bonito, acaba não chocando ninguém (o apelo visual nessas cenas são de extrema importância). Talvez um terceiro grande problema da série é a ausência de uma arte realmente surpreendente. O autor entrega cenas de ação que não conseguem te deslumbrar. Por mais que não sejam mal desenhadas, são bem contidas, e com um roteiro que não ajude a deixa-las mais emocionante, se tornam morna, como o mangá como um todo. Os cenários que compõe cada quadro não acabam surpreendendo, o uso de cores é "ok" e o traço dos personagens também não são nada demais.
Para encerrar com a cereja estragada no topo do bolo, o autor não teve a coragem de matar o cientista (talvez tenha planos sensatos para o personagem, por isso seja válida sua sobrevivência), o que acabou diminuindo muito o drama do segundo capítulo, mas pelo menos serviu para que a série possa pegar um novo rumo. Para mim, por exemplo se matasse o cientista e logo após aparecesse a nova personagem explicando quem ela é, e como em homenagem e respeito ao seu amigo, iria ajudar Noah (mesmo ela não querendo fazer isto, deste modo mantendo sua "personalidade" de durona), seria muito mais interessante, e evitaria o drama de "estou preste a me separar do meu pai", que foi desnecessário e muito entediante (por motivos já explicados anteriormente). Contudo, mesmo com essa mudança, a série continuaria extremamente dramática e com vários problemas já citados anteriormente. Talvez mesmo com a morte, o capítulo continuaria soando desnecessariamente dramática (talvez até mais).
Golem Hearts tem um grandíssimo problema estrutural, que não pode ser resolvido mudando algumas cenas. Em muitas outras análises digo como eu acreditaria que "X" cena poderia ser melhorada, realçando a qualidade de um mangá, com Golem Hearts o problema é tão profundo que deveriam ser mudadas tantas coisas, uma simples alteração de duas ou três cenas, não seria o suficiente. Pelo menos o terceiro capítulo prometeu uma mudança completa na narrativa da série, adicionando uma nova personagem e um novo rumo ao protagonista. Para uma série tão morna e com tantos problemas, essa revolução já no terceiro capítulo, é um "fio" de esperança para aqueles que ainda esperam que o mangá se torne um sucesso, algo, que para mim, com a qualidade atual apresentada nos três primeiros capítulos, é quase impossível.
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